O paradoxo que o título do post sugere representa exatamente o
posicionamento teológico do pastor Amaro Camilo da Silva, líder da AD em
Cururupu-MA. O aludido pastor é, talvez, a maior referência em exegese bíblica
na Assembleia de Deus no Maranhão, embora não tenha nenhum livro publicado e
não seja convidado aos grandes eventos da denominação no estado pelo fato de
ser um pentecostal não pentecostal!
Quando o próprio Camilo não se identifica como pentecostal, ele o diz
por duas razões: por achar impróprio o uso do termo para identificar essa
teologia (já que, segundo ele, pentecostal é quem celebra a Festa de
Pentecostes) e por não se adequar ao conceito moderno de pentecostalismo. Ora,
o termo pentecostalismo na sua
moderna acepção indica um movimento formado por pessoas de comportamentos
místicos bizarros, que não tem apego ao ensino metódico e sistemático das
Escrituras e que valorizam mais o “mistério” do que a própria Palavra de Deus
escrita. Esse tipo de pentecostalismo parece não ter nada a ver com o que
ensinou o apóstolo Paulo, pois não leva a edificação, não gera crentes
equilibrados e inevitavelmente leva a heresias. No entanto, é necessário
compreender que dentro das Assembleias de Deus existem vários tipos de teologia
que moldam o pentecostalismo de acordo com a sua interpretação da Bíblia, e
nesses níveis de doutrina existe o oficial: o Pentecostalismo Clássico que é
caracterizado pela crença na Bíblia como a poderosa Palavra de Deus e na
atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais.
Embora Amaro Camilo não se intitule um pentecostal, ele o é! Ele é um
genuíno pentecostal clássico que ama de verdade a Bíblia Sagrada, preza pelo
ensino aprofundado das Escrituras e não nega, não diminui e nem aumenta, na sua
concepção, o ministério do Espírito Santo. Camilo, como bom pentecostal (no
sentido neo-testamentário da palavra), já leu a Bíblia mais de 65 vezes e só o
fato de ter sido aluno de Alcebíades Vasconcelos já o eleva a uma categoria
importante dentro do movimento pentecostal. Alcebíades era rigidamente
contrário a qualquer meninice ou exagero dentro dos cultos e esse mesmo rigor
recebeu o pastor Camilo, especificamente no tocante aos dons espirituais, como
o falar em línguas e o profetizar. Na verdade, nesses mais de 20 anos em que eu
o conheço, nunca o vi falando em línguas estranhas ou fazendo qualquer
espetáculo com os dons espirituais, pois a sua intimidade com Deus e o
conhecimento das Escrituras soam mais alto do que qualquer dom espiritual
visível!
Os modernos pentecostais – que mais se parecem neopentecostais, se não o
são - não tem nenhum tipo de apreço pela teologia do pastor Camilo, pois o
consideram “frio”, “sem unção”, por que infelizmente criou-se a ideia de que
ser pentecostal é ser barulhento ou alguém que vive falando em línguas toda
hora, contando visões, revelações e suas intimidades com Deus. Camilo, em seus
80 anos completos, é um homem de muita intimidade com Deus e frequentemente
recebe revelações profundas, mas ele nunca usa o púlpito para contá-las, e sim
para expor a Palavra. Sem nenhum exagero, em exegese bíblica, pastor Amaro
Camilo está no mesmo patamar de homens como Antônio Gilberto, Augustus
Nicodemus e Claudionor de Andrade, apesar de não possuir a mesma formação
teológica dos teólogos já citados.
Enfim, Amaro Camilo é um símbolo fiel do Pentecostalismo Clássico, pois
ama as Escrituras, enfatiza a evangelização e combate com muita veemência as
heresias, os abusos e as distorções de obreiros que não amam a Palavra. Dito
isto, se o pentecostalismo consiste nas aberrações que vemos hoje, então, nesse
sentido, pastor Camilo não é um pentecostal e se na Assembleia de Deus existe
erudito, Amaro Camilo está no topo ao lado de grandes mestres intelectualizaram
o pentecostalismo no Brasil.
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