sexta-feira, 18 de março de 2016

O LOUVOR NO NOVO TESTAMENTO


Sem dúvida alguma a encarnação de Jesus Cristo e a sua atuação pública foram os eventos mais importantes do Novo Testamento, em razão da revolução causada em diversos setores da sociedade e especificamente no conceito de religião entre romanos e judeus. Jesus cumpriu cabalmente toda a Lei, revogou alguns preceitos, adicionou e aprimorou outros (Mt 5. 21-48), aboliu os sistemas sacrificiais e modificou a liturgia do culto, de modo que o entendimento sobre adoração tornou-se mais popular e simples. Junto com toda essa revolução Jesus aprimora, ou melhor, populariza aquilo que era restrito apenas aos levitas nas celebrações: o louvor!
Neste espaço, torna-se necessário afirmar que há, pelo menos, 2 grandes diferenças entre o louvor no A.T. e a sua abordagem na Nova Aliança:
1)   À época da Lei somente um grupo restrito de pessoas - os levitas - conduziam o louvor nas cerimônias públicas (2Cr 5.12);
2)   Os judeus da Antiga Aliança eram monoteístas em relação a Jeová, ou seja, apesar de frequentemente caírem na idolatria, não concebiam um Jeová Triúno, e, por conseguinte, não cultuavam a Jesus que ainda não havia se encarnado, de maneira que o louvor era destinado unicamente a Jeová;
Percebe-se que os levitas eram habilíssimos no manuseio dos instrumentos musicais da época e eram cuidadosos nas técnicas vocais e de canto. Já no N.T. não há ênfase quanto a isso, mas não significa que os judeus convertidos desprezavam o uso desses elementos.  O que notamos é que os judeus do primeiro século mantinham a mesma tradição de seus antepassados na liturgia dos cultos, mas o cenário começa a mudar a partir do cântico de Izabel: “bendito o fruto do teu ventre!”. Aqui está a primeira referência a Jesus Cristo em um louvor no N.T., seguido do de Zacarias (Lc 1.67-80). E quando Messias nasce os magos do Oriente o adoram com bastante fervor (Mt 2.1-12); Simeão o louva reconhecendo-o como Messias (Lc 2.29-32); Jairo o adorou (Mt 9.18); o cego de nascença o adorou (Jo 9.38)!
Como já disse, em seu ministério público Jesus populariza o uso do louvor e da adoração em geral. Especificamente no evangelho de João, Jesus ao conversar com a mulher samaritana deixa bem claro que a adoração não seria mais restrita a um grupo específico, mas sim a qualquer que dele se aproxima com um coração sincero (Jo 4.24).
Se Cristo revogou todo o sistema sacrificial do A.T. o culto dos primeiros cristãos deveria ser totalmente diferente, mas o apóstolo Paulo é o único que nos fornece uma informação mínima sobre isso: “A Palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.16).
Nesse texto podemos ver que o conhecimento da Palavra deveria anteceder o louvor. O livro dos Salmos já era reconhecido como inspirado e era usado nos cultos. O louvor recebe a sua função pedagógica (“ensinando-vos”) e também corretiva! Isso mesmo: o louvor era usado para advertir brandamente os irmãos, pois esse é o sentido de “admoestar”. Não havia espaço para o humanismo, pois os cânticos eram espirituais e de gratidão ao Senhor.
Assim, é importante dizer que o louvor no N.T:
A)   é mais popular, ou seja, qualquer cristão o faz de maneira decente nas reuniões da igreja;
B)   é mais complexo, pois no A.T. era destinado apenas para exaltar a Deus e os seus feitos, já na Nova Aliança ele desenvolve a função pedagógica, corretiva e cristocêntrica;
C)   é, por fim, paradoxalmente mais simples, pois parece não haver exigências quanto às técnicas vocais, de canto e instrumentais.


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