Sem
dúvidas este é um dos livros da Bíblia mais amado pelos evangélicos ao redor do
mundo, em razão de sua linguagem fácil, poética e associada diretamente à devoção
de um cristão e torna-se um livro predileto dos que estão iniciando a arte da
pregação. No entanto, os Salmos são mais do que poesias, mais do que devoção e
mais do que hinos, pois, sendo inspirados por Deus, abordam conteúdos semelhantes
aos demais livros, só que de forma poética.
Algumas
considerações devem ser feitas a respeito do livro dos Salmos para que não
permaneça aquele velho conceito popular de que este é apenas de um livro de poesias
ou de louvor e que não deva ser levado a sério como os demais livros da Bíblia.
Usei a expressão “levado a sério” não para dizer que os cristãos assim o fazem,
pois estaria contradizendo o que falei no início do texto, mas para dizer que
muitos pastores, senão a maioria, não gosta de doutrinar em Salmos, por que ainda
mantém esse velho conceito popular de que falei e, além disso, entendem que toda
a música deve ser somente de adoração, desconsiderando que música é edificação,
evangelização e doutrinação, por exemplo!
Tendo
em vista esses conceitos entre os cristãos, abaixo faço um resumo sobre as
coisas que não te contaram sobre os Salmos:
1.
Salmos Não Justificam o Evangelho da Autoajuda
Muitos ensinadores para justificar o culto ao homem se
apegam a textos isolados, mas uma
grande diferença entre a autoajuda e o consolo de Deus (ou ajuda do alto, segundo Ciro Sanches Zibordi) é que aquela é puramente
humanista e esta é essencialmente cristocêntrica. Em outras palavras, a
autoajuda exalta possíveis habilidades e poderes que há no homem para vencer uma
situação difícil. Já o consolo de Deus revela a nossa situação precária e a sua
providência em nosso favor (c.f. Sl 40.2; 51.5 e 119.25).
2.
Salmos Detalham Profundamente o Caráter de Deus
Não há como negar que nos Salmos encontramos uma descrição
de como e quem é Deus, sendo apurada por alguém que conheceu a Deus na sua
intimidade devocional. Por isso, em Salmos encontramos um Deus poderoso e
salvador (c.f. 18.2;), misericordioso e fiel (c.f. 36.5 e 51.1), grande e eterno
(c.f. 48.1 e 90.1), bom e reto (c.f. Sl 25.8), atemporal e justo (c.f 90.4,11)
onisciente, onipresente e onipotente (Sl 139).
3.
Salmos São Doutrinas em Forma de Música
É claro que a carta aos Romanos contém basicamente todas
as doutrinas do Cristianismo, mas não devemos ignorar que o livro de Salmos
fala da Doutrina do Pecado (c.f. Sl 51. 3,5), do Perdão (c.f. Sl 103.3), da Salvação
(c.f. Sl 3.2,8 e 62.1), da Oração (c.f. 63.1 e 64.1), da Eleição (c.f. Sl 139.13),
do Evangelismo (c.f. Sl 126.6), dos Anjos (c.f Sl 91.11 e 104.4) da Inspiração
das Escrituras (c.f. Sl 119), da Existência de Deus (c.f. Sl 8.1, 14.1 e 19.1),
e etc. além dos versos sobre os atributos de Deus, conforme descritos anteriormente.
4.
Salmos são Profecias
O que muita gente ainda não sabe é que em todo o livro
dos salmos encontramos diversas profecias referentes ao futuro de Israel na
chamada Batalha do Armagedom (c.f. Sl 2;3;4; 20.1 e 70), ao nascimento, traição
e sofrimento de Jesus (c.f. Sl 2.7; 41.9 e 22), ao Milênio (c.f. Sl 93.1), à
Grande Tribulação (c.f. Sl 110 e 46). O que mais me chama a atenção é a
descrição uniforme do salmo 46 com o cenário pós-tribulação prevista em
Apocalipse 19. 11-21! Os Salmos 46 antecede o que João viu nos 7 selos, 7 trombetas
e 7 anjos e ainda prevê a salvação de Israel no Armagedom!
Portanto, tendo em vista esses 4 pontos acima desenvolvidos,
resta-nos dizer que o livro dos Salmos não são apenas canções de fácil
memorização, mas um livro que nos ensina que música/poesia cristã é, acima de
tudo, uma obra embasada em princípios cristãos. Ademais, é um grave erro usar o
livro de Salmos somente nos momentos difíceis em que estamos passando ou mesmo
justificar o falacioso evangelho da autoajuda, desconsiderando as profecias,
doutrinas e atributos de Deus em cada verso.