“Entendes
o que Cantas?” Este é o assunto da última aula do primeiro trimestre de 2016 da
revista de juvenis da CPAD que encerra o tema geral “Louvor e Adoração”, em que
o escritor Robson Rocha questiona mui sabiamente os equívocos doutrinários presentes
na maioria das músicas evangélicas de grande sucesso nos dias de hoje e alerta
para o fato de os evangélicos não se importarem com o conteúdo desses hits.
O questionamento
do referido escritor faz-se necessário, mas levanta outro: os evangélicos de
hoje estão sendo ensinados a pensar?
Se
fizermos uma análise rasa do cenário “gospel” descobriremos que os evangélicos
gerados a partir do início do século têm algumas deficiências que surgiram
desde a sua suposta “conversão”. Claro que isso não se aplica a todos que
aceitaram a Cristo na última década, mas a referência que faço é o ambiente
neo pentecostal e até mesmo pentecostal, onde a fé de muita gente foi gerada sem
o fundamento suficiente das Escrituras. O pragmatismo usado nessas denominações
pode facilmente substituir qualquer embasamento sólido nas doutrinas da nossa
fé, de maneira que os critérios para o acesso ao Reino de Deus tornaram-se frouxos
demais, como uma espécie de “vale-tudo”.
Os
cristãos que entraram no Reino foram atraídos por outros motivos, como a promessa
de prosperidade, saúde e sucesso, no entanto, quem vem à Cristo unicamente por
esses motivos tornam-se crentes interesseiros, sensíveis demais (são machucados
facilmente) e não tem apego ao estudo piedoso das Escrituras. Aqui deve estar a
resposta para o questionamento levantando por mim: os evangélicos de hoje estão
sendo ensinados a pensar?
Considerando
esses meios usados para salvação de pessoas não há dúvidas de que os
evangélicos não estão sendo influenciados a serem racionais, ou seja, eles
estão sendo ensinados a “sentir” ao
invés de “pensar”! E aí está a explicação
para tantas bobagens presentes na música cristã, pois o pensamento cristão é
totalmente influenciado pelo conhecimento da Bíblia, mas se esses cristãos não vieram
a Cristo por causa do seu evangelho (que é a base do nosso pensamento) não
podemos esperar deles alguma racionalidade, ou melhor, capacidade para
interpretar, julgar, discernir, criticar.
O
que nos entristece é o número crescente de evangélicos que receberam todo o
embasamento das Escrituras, são crentes velhos na fé, mas acabaram aderindo à
nova onda “gospel”. Isso inclui também artistas do segmento que no início de suas
carreiras eram piedosos, preocupados com o respaldo bíblico de suas canções, e
hoje defendem em suas letras a Confissão Positiva, o Evangelho da Autoajuda e
mísera Teologia da Prosperidade. Realmente, o povo perece por falta de conhecimento,
pois se esses irmãos estudassem com amor as Escrituras seriam seres pensantes e
menos emotivos e, por conseguinte, essas músicas não teriam espaço em nossas igrejas.