segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SERÁ QUE "COM DEUS É DE REPENTE" MESMO?

Queridos irmãos, "De repente". Essa é a nova composição que nos últimos meses o rádio brasileiro (gospel e secular) e as igrejas evangélicas passaram a entoar. Trata-se de uma canção muito apreciável do ponto de vista poético-musical e se fosse convertê-la em pregação resultaria em um belo sermão temático, consideradas as regras básicas de Homilética, no entanto, não são apenas poesias que classificam uma música como digna de louvor a Deus- ainda mais quando há exageros no emprego da licença poética- e nem qualquer sermão temático que passa pelo crivo da Hermenêutica-ainda mais quando toma-se a parte e confunde com o todo.
Não reprovo toda a composição, pois não sabemos o dia e hora do agir de Deus;Ele, de fato, corôa a nossa fé, mas o primeiro erro ocorre assim:"Pra obter algo com sucesso o ser humano escala um processo, mas com Deus é diferente Ele muda a sua história, irmão, de repente. Com Deus é de repente".
De fato, o ser humano se planeja, mas a cantora diz que com Deus é diferente, ou seja, tudo é de repente. Quer dizer, então, que o Senhor não faz planos e nem projetos? E o plano da Redenção? E a formação do homem? Será que Deus não planejou com a Santíssima Trindade tudo isso?
E nem sempre Deus muda a nossa história/situação do dia para a noite. Lembram de José? Quanto tempo durou para tornar-se governador do Egito? E Davi? Quanto tempo levou para chegar no trono, após ser ungido?
A música continua:"...Ele cura o doente, irmão, de repente". Lembram de Naamã? Ele foi curado de repente? Quantas vezes ele mergulhou no rio Jordão? E um dos cegos que Cristo curou? Quantas vezes Ele passou saliva no olhos daquele cego?
E o último erro ocorre:"De repente um vento veemente...". A Bíblia diz que no Pentecostes ouviu-se um som como de um vento e não um vento propriamente. Até a Harpa Cristã erra nisso.
Portanto, nem sempre Deus age de repente. O repente não é regra geral. Ele, às vezes, age em nossa vida lentamente para nos mostrar o grau da nossa fé. Tomar particularidades e generalizar é um grave perigo.

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