Às vésperas da comemoração
dos 499 anos da Reforma Protestante (31 de outubro de 1517) boa parte dos
evangélicos ainda se vê cercada de incontáveis crendices que a coloca, nesse
sentido, na mesma posição dos católicos! O esforço heroico de Lutero está sendo
invalidado dia a após dia não apenas pela falta de consideração que boa parte
das igrejas tem pela Reforma, mas também pela volta de crenças populares que
são transformadas paulatinamente em doutrina que, inclusive podem definir a até
perda da salvação de membros de determinadas igrejas, quando esta se dá
exclusivamente pela graça (Ef 2.8,9). Diante disso, é oportuno diferenciarmos o
que é uma doutrina bíblica e o que é
uma mera superstição.
O QUE É SUPERSTIÇÃO
Na
Bíblia essa palavra aparece pela primeira e única vez em Atos dos Apóstolos
25.19 e 17.22.
O termo procede de duas palavras
gregas cujo sentido é "temor aos demônios, aos espíritos malignos ou as
divindades pagãs". Portanto, o vocábulo superstição designa um sentimento religioso fundamentado na ignorância,
no medo de coisas sobrenaturais e na confiança em coisas ineficazes.
Trata-se, por conseguinte, de uma crendice popular baseada em crenças infundadas,
ou melhor, fundamentadas na experiência dos antepassados. O dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa define o termo como “crença ou noção sem base na razão ou no conhecimento,
que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança
em coisas absurdas.”.
E em que devemos fundamentar as
nossas crenças? Aquilo que acreditamos ser a verdade deve estar fundamentado em
dois grandes pilares, pelo menos: na Ciência
e na Fé Bíblica. Desse modo,
podemos classificar a superstição em quatro grupos: a Superstição Popular, Superstição Religiosa, Superstições Previsíveis e
Simpatias Curativas.
Superstição
Popular – É
aquela surgida pela tradição dos antepassados com relação a fatos que não tem
ligação nenhuma com o mundo espiritual e diz respeito a coisas do dia a dia que
podem trazer prejuízos ou benefícios para quem nela crê. Vejamos alguns
exemplos abaixo:
1.
“Se não quiser casar peça
para alguém varrer seu pé.”
|
2. “Espetar um alfinete na roupa do marido
garante a felicidade”.
|
3. "Apontar estrelas cria verrugas nos
dedos.”
|
4. “Cortar goiaba com faca fazer surgir bichos
nas outras goiabas.”
|
O teólogo Jeferson Magno Costa ainda destaca
as superstições ligadas a avisos, ou
seja, as Superstições Previsíveis e
nesta categoria estão:
1.
Pica-pau cantando no
quintal é sinal de mulher grávida.
|
2. “Mulher grávida que põe chave no peito, o
filho terá o lábio rachado”.
|
3. “Urubu cantando é sinal de que alguém morreu”.
|
4. “Palma da mão
coçando é sinal de dinheiro chegando.”
|
Simpatias
Curativas – Segundo Jeferson
Magno, são as superstições usadas para fins medicinais e “revela atitudes
perigosas, imundas e ridículas”, conforme veremos a seguir:
1.
“Passar osso de boi em
verruga faz a ela cair”.
|
2. “Urina de bebê do sexo masculino cura a
conjuntivite”.
|
3. “Cebola partida debaixo da cama faz a febre
passar”.
|
4. “Sangue de galinha preta faz a dor de dente
passar”.
|
Superstição
Religiosa – É aquela que
surge a partir de alguma influência religiosa, seja pagã ou supostamente
cristã. Os que creem pensam que ela exerce influência direta na sua vida
espiritual. É importante salientar que expressão Superstição Religiosa é muito ampla e abrange todas as crendices
presentes em todas as religiões, por isso iremos classificá-la em Superstição Pagã e Superstição Cristã.
a) Superstição
Pagã – Queremos dizer
que esse tipo de superstição está presente em todas as religiões não cristãs e
tem a sua origem a partir da influência de entidades ou experiências espirituais.
A seguir, alguns exemplos de superstições típicas de religiões pagãs:
1.
Usar roupa branca no
réveillon para dar sorte no ano novo.
|
2. Passar debaixo da escada dá azar.
|
3. O movimento dos astros tem influência em
nossa vida.
|
4. O número 13 traz "mau agouro".
|
b) Superstição
Cristã - A Superstição
Cristã pode ser tanto católica quanto evangélica e neste primeiro momento
iremos tratar exclusivamente sobre as superstições entre os católicos, mas
antes de tudo é importante relembrar que a Reforma Protestante foi fortemente
motivada pelas crendices que surgiram sob influência do paganismo ou mesmo de
uma interpretação equivocada das Escrituras ou ainda um misto de influência
pagã com falsa interpretação do texto bíblico. Dessa forma, ainda encontramos
diversas crenças infundadas entre os católicos, conforme se vê a seguir:
1.
Fazer o sinal da santa
cruz (benzer) protege do mal.
|
2. Uso do terço para afastar os espíritos.
|
3. Trabalhar em dia santo traz azar.
|
4. O uso da água benta para exorcizar.
|
Entre os evangélicos tudo indica que a superstição acontece com
frequência maior. Sim! Talvez sejamos o povo mais supersticioso que existe.
Somos o único povo que tem o único livro sagrado inerrante, infalível e que é a
Palavra de Deus, mas, apesar disso, é entre nós que surgem os maiores absurdos
dentro do Cristianismo no que concerne às crenças infundadas, cuja gênese está
em influências pagãs, católicas, interpretação equivocada das Escrituras (ou
mesmo a falta dela), e ainda nas supostas revelações que podem ser tomadas com
igual peso das Escrituras e acabam se tornando doutrina que pode “definir” a
salvação e, por fim, a experiência. No entanto, é necessário afirmar que as
superstições surgem e encontram maior apoio nas denominações pentecostais (em
menor frequência) e neopentecostais, onde o estudo sistemático das Escrituras e
sua correta interpretação podem ser negligenciados.
Iremos analisar as principais superstições no
meio evangélico e como elas podem ter surgidas:
Superstições
por interpretação equivocada da Bíblia
1.
“A palavra tem poder” (Tg
3)
|
2. “O óleo da unção tem poder” (Tg 5.14)
|
3. “Oração de joelhos é a mais poderosa forma
de oração”. (Mt 6.5)
|
4. “Entregar o dízimo traz prosperidade”. (Ml
3.10) Ver Ef 1.3
|
Superstição
sob influência católica ou pagã
1.
“Deixar a Bíblia aberta
no salmo 91 para espantar os espíritos”.
|
2. “ Galho de arruda representa purificação
espiritual”.
|
3. “Sal Grosso para descarregar energias
ruins”.
|
4. “Oração no monte tem mais poder que em outro
lugar”.
|
Superstição
a partir de “revelações” ou experiência
1.
“Não subirá no
arrebatamento quem dormir sem roupa”.
|
2. “Mulher menstruada não pode participar da
Santa Ceia”
|
3. “Orar de madrugada é mais eficaz que em
outro horário”
|
4. “A oração do pastor é mais poderosa que a do
crente comum”
|
Um dos lemas de Reforma era “igreja reformada sempre se reformando”,
mas o que podemos ver hoje são igrejas reformando antigas práticas
supersticiosas, dando-lhes agora uma nova roupagem sob a alegação de um suposto
embasamento bíblico. Enfim, a adesão de alguns setores do protestantismo ao
sincretismo religioso tem gerado crentes defeituosos, interesseiros, que
desconhecem a Bíblia e acreditam na palavra de seus líderes como se fosse a
própria Palavra de Deus. Não é difícil dizer que algumas dessas crendices podem
acarretar a perda da salvação, pois não tem embasamento bíblico, mas são
consideradas como se fossem tivessem. Se a igreja não voltar às Escrituras (e
aqui está o significado do lema da Reforma acima citado), tão certo voltará à
época da Idade Média e Bíblia, em vez de ser a Palavra de Deus, será considerada
um amuleto de boa sorte!
Nenhum comentário:
Postar um comentário